Ao criar os primeiros mapas dos litorais do Nordeste do Brasil, Américo Vespúcio pensou ter chegado a um paraíso intocado e selvagem. Ele estava errado. O nosso mar já era rodeado de histórias, mitos, lendas e cultos. Hoje, mais de 500 anos depois, ele continua a levar e trazer todos os dias, em suas marés e ondas, a nossa ancestralidade.
Engana-se quem pensa que o mar só está presente no litoral pernambucano. Ele é a base do nome do nosso estado. O Tupi “Paranã Puca” significa “onde o mar se arrebenta”. E, milhões de anos atrás, ele já se arrebentou no sertão, no agreste setentrional, na mata norte. Esse estado inteiro já foi mar. O sal dele corre em nosso sangue e suor.
Por isso, quem pensa que o mar é sempre o mesmo, precisa ver mais de perto. O Atlântico não é igual de Ponta de Pedras a Tamandaré. Esse mar, que já molhou os pés de caeteses, potiguaras, de homens e mulheres sequestrados de África, de colonizadores, de militares, de guerrilheiros, de pais e mães de santo, de nações de maracatu. Esse mar muda todos os dias. A diversidade do nosso litoral, resultante de processos milenares de erosão, apresenta-se com inúmeras feições, cores e vegetações.
O projeto Fotocartografia Litorânea utiliza-se de um drone para criar novos registros das praias de Ponta de Pedras, Itamaracá, Milagres, Boa Viagem, Barra de Jangada, Calhetas, Maracaípe e Tamandaré. Aqui busca-se guardar o que há de mais precioso hoje em nossas praias, entendendo que no futuro, assim como sempre foi e será, tudo será diferente.
Fotocartografia Litorânea é, portanto, uma antologia de registros com o intuito de sensibilizar para a importância de observar, respeitar e preservar as nossas praias, como os ambientes sociais, culturais, turísticos e sagrados que são, para que as próximas gerações possam aproveitá-las como nós.